Os três tipos de crepúsculos: civil, náutico e astronômico

A transição do dia para a noite não acontece repentinamente, mas em fases. Quais são as três fases do crepúsculo e quais as diferenças?
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Quando o Sol se põe e desaparece na linha do horizonte, percebemos que o céu não fica imediatamente escuro. O mesmo acontece no amanhecer. Mesmo sem o Sol visível, o céu passa por diversas cores, do amarelo ao vermelho, do roxo ao azul-escuro, antes que ele fique completamente escuro e as estrelas se tornem plenamente visíveis.

Esse período de claridade, de quando o Sol está abaixo da linha do horizonte — seja no nascer, seja no ocaso —, é chamado de crepúsculo. E o crepúsculo é dividido em várias fases, a depender do quanto o Sol está abaixo do horizonte.

Nascer e ocaso

Pôr-do-sol
Nos períodos do nascer e do ocaso, o Sol ainda é visível diretamente.

O primeiro (ou o último) raio de luz direto do Sol é chamado de nascer, quando o Sol surge, e ocaso, quando o Sol se põe. Nesse período, o disco solar ainda é parcialmente visível. Esses são os horários indicados nos aplicativos de clima como “nascer do sol” e “pôr-do-sol”.

Quando o disco solar não está mais visível, se inicia a fase do crepúsculo — ou melhor, as fases.

Crepúsculos

Os crepúsculos se dividem em ângulos de 6° abaixo da linha do horizonte. O crepúsculo civil é quando o Sol está entre 0° e 6° abaixo do horizonte; o crepúsculo náutico quando entre 6° e 12° abaixo do horizonte; e o crepúsculo astronômico quando entre 12° e 18° abaixo do horizonte.

Diagrama explicativo do crepúsculo civil, náutico e astronômico.

Apesar de o ângulo ser exatamente o mesmo, ele é percebido de forma diferente a depender da latitude — justamente porque a Terra é redonda. Os crepúsculos são mais demorados quanto maior a latitude (mais para o norte ou mais para o Sul).

Na linha do Equador, as fases dos crepúsculos costumam durar 25 minutos; no trópico de Capricórnio, 30 minutos. Portanto, o crepúsculo como um todo (do dia até a noite escura) em Belém, Macapá, Manaus e outras cidades próximas do Equador, dura de 60 a 75 minutos. Nas regiões próximas ao trópico de Capricórnio, como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte, o crepúsculo dura de 85 a 90 minutos, em média, dependendo da época do ano.

LatitudeCivilNáuticoAstronômico
Linha do Equador (0°)0 a 25 min~25 a 50 min~50 a 75 min
Trópico de Capricórnio (~35,5° S)0 a 30 min ~30 a 60 min~65 a 90 min
Tempo médio de cada fase do crepúsculo antes/após o nascer/ocaso do Sol.

Crepúsculo civil

Nessa fase, ainda há bastante luz sendo espalhada pela atmosfera, o que faz com que seja possível enxergar claramente contornos de objetos terrestres sem a necessidade de iluminação artificial. A refração atmosférica e o espalhamento de luz (principalmente o espalhamento Rayleigh) garantem que o céu permaneça relativamente claro. É possível observar apenas os planetas mais brilhantes (como Vênus e Júpiter) e, em alguns casos, as estrelas mais intensas — mas, de modo geral, a claridade impede a visualização das estrelas menos brilhantes.

O crepúsculo civil é a imagem que ilustra a capa desta matéria.

Crepúsculo náutico

Nesse período, o céu perde boa parte da claridade; porém, ainda há luz suficiente para perceber, de maneira difusa, o horizonte próximo ao pôr ou nascer do Sol — do lado oposto, o horizonte já se torna pouco definido. As estrelas mais brilhantes tornam-se visíveis, como Sirius e Betelgeuse, pois a iluminação do céu diminui a ponto de permitir sua detecção. O nome “náutico” vem da utilização desse período pelos navegadores, que podiam avistar estrelas para a navegação, mas ainda dispunham de certa claridade para reconhecer o horizonte ao mar.

Crepúsculo náutico
Crepúsculo náutico: a linha do horizonte se torna difusa do lado oposto ao Sol, mas ainda há claridade; é possível enxergar as estrelas mais brilhantes e identificar as constelações.

Crepúsculo astronômico

Aqui, o céu se encontra quase completamente escuro, já que a quantidade de luz solar espalhada pela atmosfera é mínima, embora ainda haja uma iluminação residual em algumas camadas mais elevadas da atmosfera. A maior parte das estrelas já se torna visível, o que facilita a observação astronômica, mas objetos difusos de brilho tênue, como galáxias e nebulosas, podem ainda não ser detectáveis sem instrumentação adequada ou sem um céu realmente escuro — longe de poluição luminosa.

Crepúsculo astronômico
Crepúsculo astronômico: A maior parte das estrelas já são visíveis; não é possível distinguir objetos sem iluminação artificial. Há apenas uma iluminação extremamente tênue das camadas mais altas da atmosfera.

Noite

A chamada “noite” propriamente dita inicia-se quando o Sol está abaixo de 18° do horizonte, marcando o fim do crepúsculo astronômico. Nesse momento, em condições ideais — pouca ou nenhuma poluição luminosa e céu limpo —, podemos observar estrelas de brilho fraco, nebulosas, galáxias e aglomerados com maior facilidade. Em áreas urbanas, porém, as luzes artificiais costumam ofuscar a maior parte desses objetos astronômicos, tornando difícil notar a transição entre o crepúsculo astronômico e a noite.

Noite
Noite: não há muito o que falar sobre ela… 😉

Brunno Pleffken Hosti

Professor. Graduado em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Especialista em Computação de Alto Desempenho. Extensão em Astrofísica pelo IAG/USP e pela UFSC. Pesquisador nas áreas de astrofísica observacional e telescópios robóticos.

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