Quando o Sol se põe e desaparece na linha do horizonte, percebemos que o céu não fica imediatamente escuro. O mesmo acontece no amanhecer. Mesmo sem o Sol visível, o céu passa por diversas cores, do amarelo ao vermelho, do roxo ao azul-escuro, antes que ele fique completamente escuro e as estrelas se tornem plenamente visíveis.
Esse período de claridade, de quando o Sol está abaixo da linha do horizonte — seja no nascer, seja no ocaso —, é chamado de crepúsculo. E o crepúsculo é dividido em várias fases, a depender do quanto o Sol está abaixo do horizonte.
Nascer e ocaso

O primeiro (ou o último) raio de luz direto do Sol é chamado de nascer, quando o Sol surge, e ocaso, quando o Sol se põe. Nesse período, o disco solar ainda é parcialmente visível. Esses são os horários indicados nos aplicativos de clima como “nascer do sol” e “pôr-do-sol”.
Quando o disco solar não está mais visível, se inicia a fase do crepúsculo — ou melhor, as fases.
Crepúsculos
Os crepúsculos se dividem em ângulos de 6° abaixo da linha do horizonte. O crepúsculo civil é quando o Sol está entre 0° e 6° abaixo do horizonte; o crepúsculo náutico quando entre 6° e 12° abaixo do horizonte; e o crepúsculo astronômico quando entre 12° e 18° abaixo do horizonte.
Apesar de o ângulo ser exatamente o mesmo, ele é percebido de forma diferente a depender da latitude — justamente porque a Terra é redonda. Os crepúsculos são mais demorados quanto maior a latitude (mais para o norte ou mais para o Sul).
Na linha do Equador, as fases dos crepúsculos costumam durar 25 minutos; no trópico de Capricórnio, 30 minutos. Portanto, o crepúsculo como um todo (do dia até a noite escura) em Belém, Macapá, Manaus e outras cidades próximas do Equador, dura de 60 a 75 minutos. Nas regiões próximas ao trópico de Capricórnio, como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte, o crepúsculo dura de 85 a 90 minutos, em média, dependendo da época do ano.
Latitude | Civil | Náutico | Astronômico |
---|---|---|---|
Linha do Equador (0°) | 0 a 25 min | ~25 a 50 min | ~50 a 75 min |
Trópico de Capricórnio (~35,5° S) | 0 a 30 min | ~30 a 60 min | ~65 a 90 min |
Crepúsculo civil
Nessa fase, ainda há bastante luz sendo espalhada pela atmosfera, o que faz com que seja possível enxergar claramente contornos de objetos terrestres sem a necessidade de iluminação artificial. A refração atmosférica e o espalhamento de luz (principalmente o espalhamento Rayleigh) garantem que o céu permaneça relativamente claro. É possível observar apenas os planetas mais brilhantes (como Vênus e Júpiter) e, em alguns casos, as estrelas mais intensas — mas, de modo geral, a claridade impede a visualização das estrelas menos brilhantes.
O crepúsculo civil é a imagem que ilustra a capa desta matéria.
Crepúsculo náutico
Nesse período, o céu perde boa parte da claridade; porém, ainda há luz suficiente para perceber, de maneira difusa, o horizonte próximo ao pôr ou nascer do Sol — do lado oposto, o horizonte já se torna pouco definido. As estrelas mais brilhantes tornam-se visíveis, como Sirius e Betelgeuse, pois a iluminação do céu diminui a ponto de permitir sua detecção. O nome “náutico” vem da utilização desse período pelos navegadores, que podiam avistar estrelas para a navegação, mas ainda dispunham de certa claridade para reconhecer o horizonte ao mar.

Crepúsculo astronômico
Aqui, o céu se encontra quase completamente escuro, já que a quantidade de luz solar espalhada pela atmosfera é mínima, embora ainda haja uma iluminação residual em algumas camadas mais elevadas da atmosfera. A maior parte das estrelas já se torna visível, o que facilita a observação astronômica, mas objetos difusos de brilho tênue, como galáxias e nebulosas, podem ainda não ser detectáveis sem instrumentação adequada ou sem um céu realmente escuro — longe de poluição luminosa.

Noite
A chamada “noite” propriamente dita inicia-se quando o Sol está abaixo de 18° do horizonte, marcando o fim do crepúsculo astronômico. Nesse momento, em condições ideais — pouca ou nenhuma poluição luminosa e céu limpo —, podemos observar estrelas de brilho fraco, nebulosas, galáxias e aglomerados com maior facilidade. Em áreas urbanas, porém, as luzes artificiais costumam ofuscar a maior parte desses objetos astronômicos, tornando difícil notar a transição entre o crepúsculo astronômico e a noite.
